coisas do momento #7

Diz-me em que é que errei. O que fiz para te perder. Porque é que foste? Valias tanto e deixei-te ir como a areia que foge entre os dedos.

Deixei o tempo passar, a dor acalmar, a poeira que levantas-te pousar. O tempo passou, a poeira pousou, a dor, essa, nunca acalmou. Aprendi a viver com a tua ausência. Faltava-me o teu corpo pousado ao meu lado, a tua chávena de café na mesa, o teu sorriso do outro lado da rua. Faltam as tuas chaves do despeja-bolsos, os livros de que tanto gostas já não estão na estante, os teus perfumes e as tuas coisas já não vivem comigo. O beijo matinal não existe, os abraços já não acontecem. Agora há lágrimas sempre que eu me lembro de ti. Há lágrimas a ver as fotos do passado. Há saudade quando ainda sinto o teu cheiro nas minhas roupas. Os meus sapatos ainda não se habituaram a ter tanto espaço no armário, as minhas roupas acham agora o roupeiro do quarto de vestir grande demais para elas. A casa é enorme sem ti. É vazia. Faz eco. A tua voz entranhou-se nas paredes. A prateleira da casa de banho continua à espera dos teus perfumes, dos teus cremes. Falta até o teu roupão lá pendurado. Faltam as tuas fotos estrategicamente colocadas pela casa. Às vezes parece que ainda estás lá sentado no sofá, parece que ainda lá estás para me amar novamente. São apenas sensações. Sensação de te ter aqui, de ter os teus dedos entrelaçados nos meus. Consigo até “ouvir” o teu coração a bater. Se tu soubesses o quanto eu quero que deixem de ser só sensações. Quero sentir tudo isto. Quero sentir tudo outra vez. Quero que voltes a encher a casa, que voltes a colocar as tuas coisas onde pertencem. Quero que enchas a casa de novo com o teu cheiro. Mas acima de tudo quero que estejas comigo, quero que voltes ao lugar do qual nunca deverias ter saído.